quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Com que roupa rapaz

É sempre com enorme satisfação que vemos alguém de Felgueiras, vir à ribalta e mostrar ao País que duma pequena aldeia encravada no Montemuro também há gente empreendedora. Fico duplamente feliz por se tratar dum conterrâneo mas muito mais por o Fernando ser um amigo de longa data que a esta qualidade associa uma para mim ainda maior que é, a alegria contagiante que transmite a quem com ele convive.
Mais satisfeito fico por o feito aqui reportado se tratar da construção de uma embarcação, pois os barcos são uma das minhas grandes paixões .
Como diria o saudoso “tio Américo, com que roupa rapaz”. É que " Está mesmo no giló
Simplesmente espectacular.
Vejam tudo emhttp://picasaweb.google.co.uk/rafael.alex.pina/YolleDoMestreFernando?authkey=q8wYbdKUSVs
Mestre Fernando e o sonho de uma escola de «yolle»
«O país precisa de quem saiba estas artes»
O que mestre Fernando faz mais ninguém neste país de marinheiros sabe fazer: só ele conhece os segredos da construção artesanal do “yolle”, embarcação tradicional feita em madeira, historicamente ligada às origens do remo, e que ainda hoje desempenha um papel essencial nesta modalidade….

Fugir da terra para o mar suprema ironia, mestre Fernando nunca remou na sua vida. É assim mesmo que gosta de estar: pés em terra e olhos no mar. O seu trabalho com barcos começou longe de Portugal, num estaleiro naval da ilha de Luanda. “Mas já em garoto, na minha terra (Felgueiras, concelho de Resende) tinha muito jeito para as madeiras. Sempre que podia, pegava num cutelo afiado e fazia uma peça qualquer, piões por exemplo, mas tinha de ser às escondidas do meu pai”, conta o artesão. Até que um dia o seu dom deixou de ser segredo. “Quando andava na 3ª classe, houve um concurso em que cada escola do concelho escolhia o aluno que tivesse feito o melhor trabalho em madeira para o ir apresentar juntamente com os outros finalistas. Eu fiz um arado, fui seleccionado, e viria a ser considerado o autor da melhor peça de entre todas as escolas”, recorda o artesão, cujos olhos ainda brilham de emoção de cada vez que lembra esses tempos. “A nossa professora até chorou de alegria”, enfatiza. Infelizmente, pouco depois, também ele choraria, mas de tristeza e frustração. É que o progenitor sempre torcera o nariz ao talento que ameaçava roubar-lhe o filho ao destino traçado desde que nasceu: tomar conta dos rebanhos nos montes e, depois, trabalhar a terra. Por isso, resolveu por um ponto final nas ilusões. “Nem acabei a 4ª classe, foi uma dor de alma para mim”, desabafa mestre Fernando, com uma expressão de mágoa a toldar-lhe o semblante. “Muito mais tarde, o meu pai admitiu que fez mal, mas eu também compreendo que naquela altura a prioridade era pôr comida na mesa e isso não era nada fácil”.O jovem Fernando ainda aguentou até aos 18 anos. Então, limitou-se a informar o progenitor de que ia aprender outro ofício. O primeiro emprego foi na construção civil, mas aos 26 anos rumou a Angola, ficando a viver e a trabalhar num estaleiro da ilha de Luanda, onde se fez homem, como diz. Não conhecia aquela actividade, mas pressentia que o seu futuro estava ali, onde podia aliar o seu jeito para as madeiras com dotes de engenharia que até então nunca pudera revelar. “Se tivesse continuado a estudar, talvez hoje fosse tão famoso como o foi Edgar Cardoso, o engenheiro das pontes que era lá da minha zona”, comenta, a propósito. O importante, porém, é que, finalmente, sentia prazer no que fazia. “Desenhávamos e construíamos qualquer tipo de barco”, entusiasma-se mestre Fernando. Em Angola haveria de construir três dos quatro barcos, que não a remos, feitos ao longo da sua vida. O último foi já em Portugal, há cerca de 25 anos, destinado ao brigadeiro que dirigia a antiga Escola de Remo e Canoagem. “Ele ficou todo contente, disse que era o sonho da vida dele”. Se a antiguidade e a dedicação valessem divisas na carreira de Fernando Matos, certamente seria mais fácil ao mestre concretizar, também, o seu próprio sonho de ter uma escola onde possa perpetuar a arte dos “yolles”. Este país de marinheiros – e de cada vez mais atletas remadores de sucesso internacional – deve agradecer-lhe… e com muito mais do que medalhas. JF
www.inatel.pt/tempolivre/177/oficios.html

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Luta

Um contra o mundo,é pouco
Mesmo que seja louco,

É muito pouco ainda.
Mas que pode fazer o homem que endoidece
E se esquece
De medir o poder do seu tamanho?
Ah, se houvesse um fotografo no céu
Que filmasse
Uma aventura assim, ridícula e perfeita!
D. Quixote sozinho
A combater as velas do moinho
Que mói, ronceiro, a última colheita.

MIGUEL TORGA, in Cântigo do homem

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Provérbio chinês.

Há um provérbio chinês que diz:
Dois homens que caminham por uma estrada em sentido inverso, cada um leva um pão, se ao cruzarem-se,
trocarem
os pães,
Cada homem vai embora com um pão.
Contudo, se dois homens que vêm andando pela estrada, e cada um trouxer uma Ideia, ao encontrarem-se,
se trocarem as ideias,
Cada homem vai embora com duas.

Manuel Borges Carneiro


Carneiro (Manuel Borges).
Um dos heróis dos acontecimentos políticos de 1820.


Nasceu em Resende a 2 de Novembro de 1774, faleceu em Cascais a 4 de Julho de 1833. Era filho do bacharel José Borges Botelho e de D. Joana Tomásia de Melo.
Matriculou-se na Universidade de Coimbra em 1791, no curso jurídico. Formou-se em Cânones no ano de 1800, como consta da sua habilitação perante o Desembargo do Paço. (Arquivo da Torre do Tombo), e não em Leis, como dizem quase todos os seus biógrafos. Entrou na carreira da magistratura, sendo nomeado juiz de fora de Viana do Alentejo, por decreto de 13 de Maio e provisão de 14 de Junho de 1803, para servir por três anos, sendo reconduzido por outros três com o predicamento de cabeça de comarca, decreto de 13 de Maio e 25 de Outubro de 1805, e provisão de 24 de Março de 1806. Nesta situação o veio encontrar a invasão francesa, organizando-se em Lisboa uma regência presidida por Junot. Resistindo às prescrições despóticas impostas pelo general Kellermann, que estava delegado da regência no Alentejo, entrou numa conspiração promovida naquela província, contra os invasores, pelo que foi mandado prender por este general, e encerrado no convento de Beja, onde escreveu a carvão alguns versos, que mais tarde publicou. Pela provisão de 30 de Maio de 1812 foi nomeado provedor da comarca de Leiria. No decurso do seu emprego foi coligindo as matérias para a obra que publicou anos depois, intitulada: Extracto das leis, etc. Esta obra, era muito útil, por constar duma colecção de documentos legislativos publicados em Lisboa e no Rio de Janeiro, enquanto durou a permanência da corte no Brasil. A 14 de Novembro de 1817 foi nomeado secretário da Junta do Código Penal militar, e em recompensa da forma como desempenhou essas funções, foi despachado para um lugar supranumerário de desembargador da Relação e Casa do Porto, por decreto de 13 de Maio de 1820.
Tendo abortado a conspiração que em 1817 vitimou Gomes Freire de Andrade, um grupo de homens notáveis prepararam urna revolução pacífica, cujo grito foi levantado no Porto a 24 de Agosto do referido ano, e repercutido em Lisboa a 16 de Setembro. Foram iniciadores do movimento revolucionário Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, Sepúlveda, Xavier de Araújo, e outros, que ficaram conhecidos na história pelos heróis de 1820. Manuel Borges Carneiro foi em seguida um dos mais decididos e vigorosos adeptos daquela revolução. Organizou-se um governo provisório, e foram convocadas cortes constituintes para organizarem uma constituição política. A 24 de Janeiro de 1821 reuniram-se os deputados em sessão preparatória, e a 26 foi a primeira sessão de abertura, sendo lido o respectivo discurso pelo presidente do governo. A 27 foi eleita a regência, e Borges Carneiro começou logo a manifestar o seu tacto organizador, propondo que houvesse cinco secretários do conselho executivo, do reino, fazenda, guerra, marinha e estrangeiros. Depois de se haver organizado a constituição política e de a haverem jurado, assim como D. João VI, a família real e todos os funcionários e corpos populares, com raras excepções, foram encerradas as cortes extraordinárias e constituintes a 4 de Novembro de 1822, tendo durado a sessão quase dois anos consecutivos. Procedeu-se a novas eleições. Borges Carneiro distinguira-se tanto nas cortes constituintes, que seis círculos eleitorais o elegeram. Na sessão preparatória foi escolhido o seu nome para a comissão de verificação de poderes, e Borges Carneiro ficou representando então um dos círculos de Lisboa, Este congresso liberal era o mais sincero e sensato. As cortes de 1820 organizaram as bases da constituição e depois a própria constituição, o juramento de aceitação destes documentos, foram actos de entusiasmo e regozijo. Extinguiram a Inquisição, a intendência geral de polícia, o tribunal da inconfidência, a mesa da consciência e ordens, o desembargo do paço, a tortura, os direitos banais e as coutadas, os privilégios de foro especial e de aposentadoria; providenciou-se com relação à Universidade de Coimbra, à companhia dos vinhos do Alto Douro, e à agricultura em geral, etc. Muitas outras providências se tomaram sobre diversos assuntos, porque de nada se esqueceram e descuidaram. O movimento liberal fora ao princípio bem acolhido no Brasil; a Baía, Pará, Pernambuco corresponderam ao grito da liberdade, e enviaram os seus representantes ao congresso de Lisboa. O conde do Palmela havia partido para o Brasil logo em seguida aos acontecimentos do Porto e Lisboa em 1820; chegando ao Rio do Janeiro fora nomeado ministro dos estrangeiros, e pela consideração que merecia ao monarca convenceu-o a aprovar o movimento de Portugal, e a enviar o príncipe real D. Pedro com o cargo de seu lugar-tenente e uma constituição para o reino. A revolução do Rio de Janeiro de 26 de Fevereiro do 1821 veio transtornar esses planos; D. João VI assustou-se, mudou de intenção, e resolveu voltar a Portugal, deixando ali ficar o príncipe. No dia 13 de Maio de 1823, aniversário do nascimento de el-rei, houve grandes festas em Lisboa; no paço da Bemposta, o monarca, acompanhado do infante D. Miguel, deu beija-mão à corte, indo à noite ao teatro e em seguida ao baile da assembleia. A câmara municipal inaugurou numa das suas salas o retrato do monarca. Seguia assim placidamente a nação no seu sistema constitucional, porém moveram-se intrigas instigadas pela rainha D. Carlota Joaquina e seu filho D. Miguel, que pretendiam derrubar a constituição.
O infante, segundo se dizia, fugira do paço de madrugada, indo a Vila Franca, à frente de infantaria n.º 23, comandada pelo brigadeiro Sampaio, acompanhado por alguns soldados de cavalaria n.º 4. O congresso ficou em sessão permanente para tratar dos perigos da pátria. D. João VI declarou que estava no firme propósito de manter a constituição jurada, desaprovando a desobediência do infante; a opinião geral do povo e da tropa era que o ministério devia ser demitido. Com efeito deu-se esta demissão, sendo nomeados novos ministros. As traições, porém, começaram por toda a parte, o partido de D. Miguel ia engrossando e o novo ministério pediu também a demissão em 1 de Junho, celebrando o congresso a sua última sessão a 2 deste mês. Borges Carneiro propôs, e as cortes aprovaram e assinaram, uma declaração de protesto em que se consignava, que estando destituídos do poder executivo, desamparados da força armada, não podiam continuar o seu mandato; e a sua persistência seria inútil à nação e interrompiam as suas sessões até que a deputação permanente o julgasse conveniente, protestando em nome de seus constituintes, contra qualquer alteração ou modificação na constituição de 1822. Dias depois entrava o infante D. Miguel, triunfante em Lisboa, e com ele a reacção. Borges Carneiro foi demitido do cargo de desembargador da Relação e Casa do Porto, por decreto de 17 de Julho de 1823. Recolheu-se então à vida privada, continuando os seus estudos e trabalhos literários. Em 10 de Março de 1826 faleceu D. João VI, e foi aclamado D. Pedro IV, que a 29 de Abril outorgou uma carta constitucional, abdicando logo a coroa em 2 de Maio, em sua filha D. Maria II, continuando como regente em seu nome a infanta D. Isabel Maria, que fora nomeada por seu pai. Nas eleições gerais de deputados não foi esquecido o nome de Manuel Borges Carneiro, e a infanta regente, num alvará de 16 de Outubro, restituía-lhe o seu cargo de desembargador da relação e casa do Porto. As novas cortes abriram-se em 31 de Outubro, logo na primeira sessão foi Borges Carneiro nomeado para uma das comissões de verificação de poderes. Estas sessões não tiveram a importância das primeiras cortes. Em 14 de Dezembro de 1827 foi Borges Carneiro nomeado desembargador ordinário da Casa da Suplicação; encetou a publicação do Direito Civil Português, de que saíram 3 volumes, de 1826 a 1828, imprimindo também o Resumo de alguns dos livros santos.
D. Miguel, tomando posse da regência do reino, dissolveu as cortes, e declarou-se rei absoluto, começando desde então uma perturbação completa na ordem interna do país, seguindo-se um reinado de terror, enchendo-se as cadeias de prisioneiros de todas as hierarquias, classes e condições, que manifestavam as suas ideias liberais, a que davam por aviltamento o nome de malhados. Borges Carneiro não podia deixar de ser preso, apóstolo como era, da liberdade, por que sempre pugnara. Foi demitido do lugar de desembargador e mandado riscar do quadro da magistratura, e não tardou a que entrasse no Limoeiro, a 15 de Agosto de 1828, donde passou logo no dia 30 para a Torre de S. Julião da Barra, em companhia de numerosos presos, que pelo mesmo motivo ali foram encerrados. Em 1833 desenvolveu-se no país a grande epidemia da Cólera morbus, que fez milhares de vítimas, e na Torre de S. Julião, onde tanta gente se acumulava, deram-se numerosos casos. Resolveu-se passar a Cascais uma certa quantidade de presos, em que foi incluído Manuel Borges Carneiro, que em 28 de Junho para ali se transportou, sendo logo atacado no dia 30, falecendo a 4 de Julho seguinte. Foi enterrado na explanada da praça, próximo dum muro, lançando-se na mesma cova, como por desprezo, o cadáver dum obscuro tambor. Os seus manuscritos foram religiosamente salvos e guardados por um seu fiel criado, Manuel Luís, que muito o auxiliou durante a prisão, expondo-se a iminentes perigos. Em 5 de Fevereiro de 1873 fez-se auto da averiguação, procedeu-se a escavações no local designado por alguns cidadãos que serviram de testemunhas, como sítio provável do enterramento, e com efeito encontrou-se um esqueleto completo e em bom estado, debaixo do qual se encontrou outro igualmente bem conservado, provando-se que o esqueleto mais profundamente sepultado, era o do desembargador e o outro o do tambor em que falámos. Os esqueletos foram remetidos num caixão de madeira, e depositados na igreja matriz de Cascais. Os restos mortais de Borges Carneiro trasladaram-se com toda a solenidade para o cemitério ocidental em Junho de 1879. No Diário de Notícias de 23 e 24 do referido mês e ano, vem publicada uma minuciosa narrativa das cerimónias que se celebraram nesta trasladação, que foi imponentíssima. No Occidente, de 1879, vol. II, encontra-se em diferentes páginas uma minuciosa biografia de Borges Carneiro, firmada pelo conhecido escritor Brito Rebelo, assim como o seu retrato. O Dr. Emídio Costa escreveu o Elogio historico, que inseriu na Gazeta dos Tribunaes, de 24 de Janeiro de 1842, e quando também no fim do tomo IV do Direito Civil, de Borges Carneiro, da 1.ª edição.
As suas obras são as seguintes: Pensamentos do juiz de fóra de Vianna do Alemtejo, Manuel Borges Carneiro, preso no cárcere do convento de S. Francisco da cidade de Beja, por occasião da revolução do Alemtejo, trasladados de varios pedaços de papel, onde fôram escriptos com carvão, em Agosto de 1808, oferecidos ao ex.mo e rev.mo sr. D. Fr. Antonio de S. José de Castro, bispo do Porto, membro da suprema regencia de Portugal, não traz a data, mas julga-se que fosse em 1808; Extracto das leis, avisos, provisões, assentos e editaes publicados nas côrtes de Lisboa e Rio de Janeiro, desde a epocha da partida d'El-rei nosso senhor para o Brazil em 1807 até Julho de 1816, Lisboa, 1816; Appendice do Extracto das leis, avisos, etc., desde 1807 até Julho de 1816, Lisboa, 1816; Additamento geral das leis, resoluções, avisos, etc., desde 1603 até o presente, Lisboa, 1817; Segundo additamento geral das leis, resolucões, etc., desde 1603 até 1817, Lisboa, 1817; Mappa chronologico das leis e mais disposições de direito porluguez, publicadas desde 1603 até 1817, Lisboa, 1818; Resumo chronologico das leis mais uteis no fôro e uso da vida civil, etc., Lisboa, 1818 a 1820, 3 tomos; Grammatica, Orthographia e Arithmetica portugueza, ou arte de falar, escrever e contar, etc., Lisboa,1820; Portugal regenerado em 1820, Lisboa, 1820; Segunda edição consideravelmente accrescentada, Lisboa, 1820; Terceira edição, Rio de Janeiro, 1821; Parabolas accrescentadas ao Portugal, regenerado, Lisboa, 1820; as parábolas são numeradas de I a III; A Magia, e mais superstições desmascaradas, Lisboa, 1820; é a parábola IV; Appendice sobre as operações da Santa Inquisição Portugueza, ou parte segunda do discurso sobre a Magia, e mais superstições desmascaradas, Lisboa; é a parábola V; Parabola VI accrescentada ao Portugal regenerado, a necessidade de Constituiçiões provada pela injustiça dos cortezãos, Lisboa, 1821; fez‑se neste ano nova edição no Rio de Janeiro; Juizo critico sobre a legislação de Portugal, ou Parabola VII accrescentada ao Portugal regenerado, Lisboa, 1821; Dialogo sobre os futuros destinos de Portugal, ou Parabola VIII accrescentada ao Portugal regenerado, Lisboa, 1821; Carta a Sua Magestade Luiz XVIII, rei de França (acerca da ingerência daquela potência nos negócios políticos de Espanha), saiu impressa numa folha avulsa, e foi também inserta no Diario do Governo, de 18 de Fevereiro de 1823; Direito civil de Portugal, contendo tres livros: 1.º das pessoas; 2.º das cousas; 3.º das obrigações e acções, tomos I, II e III, Lisboa, 1826 a 1828. O tomo IV só se publicou, depois da morte do autor, em 1840; os 4 volumes saíram em segunda edição, em 1858; Noções astronomicas, extrahidas dos escriptos de J. A. Comminas, Fontenelle, Almeida, etc., Lisboa, 1829; Resumo de alguns livros santos, Lisboa, 1827; Mentor da mocidade, ou cartas sobre a educação, Lisboa, 1844. Esta obra publicada póstuma foi escrita na Torre de S. Julião da Barra.

Transcrito por Manuel Amaral
Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs. 771-773.Edição electrónica © 2000-2002 Manuel Amaral


segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Centenário do Nascimento de Miguel Torga

Miguel Torga é o nome literário do médico Adolfo Rocha nascido em S. Martinho de Anta, distrito de Vila Real, a 12 de Agosto do ano de 1907.
Proveniente de uma família humilde, teve uma infância dura, que lhe deu a conhecer a realidade do campo, sem bucolismos, feita de árduo e contínuo trabalho.
Após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil, onde durante cinco anos trabalhou na fazenda de um tio em Minas Gerais. Regressou a Portugal em 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941.
Miguel Torga, tinha uma personalidade literária marcada pela individualidade veemente e intransigente, o que o manteve afastado durante toda a vida, das escolas literárias e mesmo do contacto com os círculos culturais do meio português.
Não se inibe de fazer duras criticas desde que as sinta como verdadeiras. Para Torga o título d’Os Lusíadas representa a expressão da nossa tacanhez e os versos, considerava ele, eram mais ilegíveis do que os da Divina Comédia.

DIES IRAE
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fastama levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
Miguel Torga " Cântico do H0mem"


sexta-feira, 10 de agosto de 2007

BARCOS RABELOS




São os rabelos contruídos pelos próprios marinheiros, em qualquer local das margens, no surgidoiro ou portelo que lhes fica mais à mão e que seja do fornecedor da madeira. De mãos tão rudes, com técnica tão primitiva, utilizando produtos da terra, materiais bem humildes (o pinho, o castanho e o linho), são um conjunto sóbrio, imponente de aspecto, altivo de porte, verdadeira embaixada de uma grande época já distante.

Construído o rabelo - o que não leva muito tempo, pois um barco que possa carregar cinquente pipas em dois meses está no rio -, é lançado à água, e dela só retirado, um dia, se é necessário reparar qualquer rombo ou meter-lhe alguma estopa.

Desde logo começa a sua vida de esforço permanente e risco certo, pois que nem seguros são, e as viagens, que só excepcionalmente passam o Pocinho e vão até Barca de Alva, que rarìssimamente ultrapassam, sucedem-se bem trabalhosas. A descida do rio tem a dificultá-la a carga do barco; a subida, o vencer a corrente.

Pelo seu recorte impecável e bárbaro, pela altaneira supremacia que tem sobre as águas do rio do oiro, que, deixando de o trazer, o espalhou a mãos-cheias pelas vertentes milagrosas e ásperas das margens, é verdadeiramente um barco senhoril, digno de reis, que já em épocas desfeitas possívelmente serviu.

E de um rei ainda hoje é, na verdade. Um barco que traz à sua guarda, cautelosamente acomodado em si, o vinho do Douro, o rei dos vinhos generosos, é, indubitàvelmente, um bergantim real!

Armando de Matos - O Barco Rabelo.

SOL ENGARRAFADO


O vinho é de moscatel, alvaralhão, penaguiota, malvasia fina ,e tiram-no os homens das fragas ,mais ou menos como Moisés fazia gemer água –a bater-lhes.
Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que debaixo o seca, erguem-se os muros de um milagre. Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas. No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e vêm por aí abaixo. Em rogas, descem a escadaria do lagar de xisto. Cantam, dançam e trabalham. Depois sobem. E quando chegam ao alto levam o sol engarrafado.


MIGUEL TORGA - Portugal

BUCÓLICA

A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;

De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;

De poeira
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha

MIGUEL TORGA – Diário I

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

"Energias Renováveis em Portugal."



A energia eólica é uma energia limpa e barata para a produção de electricidade. Para além disso reduz a nossa dependência de combustíveis fósseis que são importados e contribui para a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição. E os diversos governos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a construção de parques eólicos, apoiando as iniciativas com generosos subsídios e enquadramento legislativo favorável. Todas estas afirmações, lugares comuns, quando se trata de energia eólica, estão gradualmente a serem questionadas. Uma pequena pesquisa que pode ser efectuada na Internet revela que o impacto da energia eólica no ambiente está longe de ser benigno e o dinheiro investido nessas iniciativas está longe de ter a sua eficiência.Um dos problemas mais importantes relacionado com a energia eólica é o da intermitência do vento. A rede eléctrica tem que ajustar-se continuamente ao fornecimento e à procura, para manter a "pressão" (isto é a voltagem) constante no sistema. Quando a procura aumenta o fornecimento tem que aumentar necessariamente e quando a procura baixa o fornecimento tem que também baixar. Mas as turbinas eólicas. como reagem ao vento e não às necessidades da procura, tem que ser consideradas como uma procura variável e não como um fornecedor seguro. A rede eléctrica tem que ajustar assim o fornecimento tanto em função das flutuações do vento como às variações da procura. Uma coisa, porém, é a intermitência do vento, outra a sua variabilidade. Enquanto a variabilidade implica uma flutuação em torno de uma certa linha básica (como a variação da procura de electricidade ao longo do dia), a intermitência implica algo que frequentemente começa e para. A energia eólica é portanto tanto intermitente como variável. Em relação à "verdade" de que a energia eólica contribui para a redução de gases de efeito estufa, não existe uma evidência que as turbinas eólicas contribuam para uma poupança do CO2. A fonte energética que a energia eólica poderia eventualmente substituir é a energia hídrica (que também é renovável), e esta já é livre de emissões de CO2. As outras energias convencionais não podem ser simplesmente desligadas e substituídas pela energia eólica, por esta ser intermitente e variável, pelo que não existe neste caso uma poupança de CO2. O sucesso da energia eólica nos países como Alemanha ou Dinamarca é merecedora de um debate sério, já que nenhum destes países conseguiu reduzir a utilização de outras fontes energéticas ou a emissão dos gases de efeito estufa em consequência da utilização da energia eólica. Na Dinamarca, a produção da energia eólica corresponde a 20% da energia utilizada no país. Só que grande parte dessa energia eólica é exportada para a Suécia e a Noruega onde é utilizada nas bombas hidráulicas. Para além disso, grande parte dos parques eólicos dinamarqueses são propriedade das comunidades locais, pelo que, enquanto esses parques são uma fonte de rendimento para essas comunidades, torna-se difícil para os seus proprietários crerem que não estão contribuindo para a produção (diga-se "consumo") desse tipo de energia. Mesmo assim, nos últimos anos tem-se verificado um significativo decréscimo na construção de parques eólicos onshore na Dinamarca. A energia eólica é barata? A construção de um parque eólico industrial custa cerca de um milhão de euros por MW de capacidade. O vento pode ser de borla, mas as torres e as turbinas eólicas tem que ser construídas e mantidas. Para além do que as infraestruturas de transmissão, necessárias para o seu apoio, também têm os seus custos. Para suportar todos esses custos os governos retiram do bolso do contribuinte o dinheiro necessário para pagar a electricidade gerada pelas turbinas eólicas, porque caso contrário a energia eólica não é competitiva.Mas então porque é que as organizações ambientalistas são defensoras tão acérrimas da energia eólica? Simplesmente porque acreditam nos seus supostos benefícios. É uma espécie de conforto espiritual crer que existe uma fonte de electricidade benigna que serve para remediar os nossos problemas energéticos. E como a esmagadora maioria de pessoas não foi propriamente ameaçada pessoalmente pelo desenvolvimento da energia eólica, existe pouca propensão pública para questionar essa crença, uma crença que é ainda mais reforçada pelo facto de os governos serem compelidos para a redução das importações de combustíveis ou das emissões de CO2. Para além disso, a grande dimensão das turbinas eólicas industriais tornou-as poderosos ícones, em termos de simbologia de desenvolvimento, no imaginário popular. Os grupos ambientalistas encontram-se assim entalados numa posição pouco agradável de, por um lado terem que apoiar nesta matéria os governos e por outro apoiarem a indústria de energia eólica (geralmente grandes oligopólios energéticos), sublimando assim as "inverdades" da energia eólica.
Agressões ambientais, e não só, da energia eólica
As modernas turbinas eólicas têm, em geral, um baixo nível de rotações. Mas mesmo assim as suas 10-20 rpm nas extremidades das pás, dependendo do modelo, têm um impacto significativo nos pássaros e nos morcegos. Esse risco varia, claro, segundo as regiões e as zonas. As aves canoras migram geralmente durante a noite e à baixa altitude, correndo assim sérios riscos de chocarem com as pás. Os responsáveis pelas turbinas eólicas industriais tentam justificar esta ameaça aos pássaros explicando que na realidade eles salvam muitos mais pássaros pelo facto de limparem o ar impedindo assim o aquecimento global. O que é errado já que a energia eólica não substitui outras fontes de electricidade. Num estudo elaborado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) afirma-se que os impactes que mais têm interessado o público em geral são a perturbação e o efeito de barreira causados pelos aerogeradores sobre as diversas espécies de aves e a mortalidade destas e de morcegos, devido à colisão com as pás e outras estruturas associadas. Assim, por exemplo, no parque eólico de Fonte dos Monteiros (Vila do Bispo) foi estimada uma mortalidade de 55,77 - 94,56 aves/ano. Existem numerosos estudos que revelam por outro lado que o valor das propriedades que circundam um parque eólico baixa significativamente de valor (cerca de 15%) nos primeiros dois anos após a construção do parque, estabilizando-se depois este preço. O que significa que essas propriedades perdem de valor com a vizinhança dos parques. Para além do ruído e das vibrações, as torres eólicas industriais estorvam significativamente o valor paisagístico de uma região. Adicionalmente o piscar das lâmpadas de aviso existentes no seu topo perturbam a paisagem mesmo durante a noite. Jochen Flasbarth, do Ministério do Ambiente alemão e antigo presidente da organização ambientalista NABU (Naturschutzbund Deutschland e.V). chamou por diversas vezes à atenção do problema da conflitualidade emergente entre a energia eólica e a protecção da natureza, particularmente nos aspectos de estética paisagística e da protecção das aves.
Zona livre de parques eólicos (ZOLPE)
Os protestos em Portugal em relação à energia eólica têm sido tíbios mas vão-se avolumando cada vez mais. A maioria prende-se com os impactes visuais negativos e a incidência na protecção da natureza. Como os parques eólicos em Portugal encontram-se localizados normalmente em áreas rurais e áreas de montanha ou costeiras, estas áreas incluem muitas vezes habitates importantes para a conservação da natureza, alguns com elevada sensibilidade ambiental.Regra geral, os próprios Estudos de Impacte Ambiental (EIA) que antecedem a instalação dos parques eólicos, enumeram os impactes negativos das instalações, mas tentam relativizar esses impactes com expressões de carácter dubioso. A citação de um EIA, que se segue, revela esta metodologia de branqueamento dos impactes negativos dos parques eólicos. "Com a aplicação de medidas minimizadoras, não haverá efeitos negativos graves sobre o ambiente. Poderá existir perturbação sobre a avifauna e morcegos existentes na zona, pelo funcionamento dos aerogeradores. Os restantes animais, segundo mostra a experiência, adaptam-se, acostumando-se ao ruído. Relativamente aos acidentes de colisão com os aerogeradores, são em número muito reduzido. Negativo é o impacte visual na paisagem, com a presença dos aerogeradores. pelo que se recorrerá à sua pintura com tintas sem brilho e revestimento do edifício de comando com material adequado, de modo a permitir a sua integração paisagística. " As resistências a nível local vão-se multiplicando. Segundo o Jornal do Nordeste a proposta inicial do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho não ia permitir a instalação de um parque eólico na serra de Montesinho, onde as pessoas comentavam que "essas torres desvirtuam a paisagem e o barulho das pás a cortar o vento não é propriamente música para os nossos ouvidos" João Peças Lopes, coordenador-adjunto da Unidade de Sistemas de Energia (USE) do INESC Porto, presidente do Júri do Concurso Internacional para Atribuição de 1500 MW de Produção Eólica em Portugal, afirmava em entrevista: "São evidentes as vantagens da energia eólica em termos ecológicos, embora haja ecologistas que estão contra a instalação das torres eólicas, devido ao impacto visual. Há ainda o impacto em termos de ruído e há um impacto na vida animal, como por exemplo, pássaros que ficam perturbados com o barulho das turbinas.... Mas é um preço a pagar".A intenção de instalação de um parque eólico na Serra d'Arga foi contestada por moradores da freguesia da Montaria, Viana do Castelo, que temiam pelo impacto visual e paisagístico das "ventoinhas gigantes". "Que ninguém venha depois chorar por se ter permitido tal atentado", referia um morador ao «O Primeiro de Janeiro». Devagarinho, essa oposição chega mesmo aos responsáveis políticos ao nível local. Em Caldas de Rainha os vereadores João Aboim, do PSD, e António Galamba e Nicolau Borges, do PS, opuseram-se a uma fase preliminar de construção de parque eólico tendo declarado que "por princípio, votamos contra a instalação de parques eólicos em qualquer zona da orla costeira". Recentemente um abaixo-assinado, que foi sufragado por oitenta por cento da população da Igreja Nova, no concelho de Mafra, exigia a reformulação do plano eólico para a região de Mafra manifestando-se contra a construção do parque eólico do Faião, na freguesia da Terrugem, por os aerogeradores encontrarem-se praticamente no meio das casas. A luta contra a construção das turbinas eólicas industriais tem tido cada vez mais sucesso em diversas partes do mundo, desde os Estados Unidos à Austrália. Em Janeiro deste ano, na Alemanha, a população de Bieswang (no Landkreis WeíBenburg-Gunzenhausen) conseguiu, depois de uma dura luta de dois anos, levar a que a (M empresa Windwârts desistisse da construção de um parque eólico na localidade. E neste mês de Abril esperava-se que a população das freguesias de Hausbay, Laudert, Maisborn e Pfalzfeld, na região de Hunsriickhõhe, também na Alemanha, conseguisse impedir a construção de parques nesta região. Os habitantes lutam para que esta região do Reno não perca a sua beleza paisagística, considerando que a construção de parques eólicos representa uma violação da paisagem natural. A população destas aldeias alemãs vai criar nesta região uma zona onde não será permitida a construção de parques eólicos ('Windradfreie Hunsriickhõhe'). A semelhança de zonas livres da energia nuclear surgiria assim uma ZOLPE (Zona Livre de Parques Eólicos).

In "Tecnologias do Ambiente," 5 de Maio de 2007

E o parque eólico aparecerá...

Esta fotografia foi tirada em Junho de 2007, daqui a um ano esta paisagem estará completamente alterada.
Enormes postes com aerogeradores “as ventoinhas” povoarão os cumes desta nossa Serra, que me habituei desde muito novo a percorrer sobretudo em inesquecíveis caçadas .
Mas os tempos são outros e em nome da ecologia e progresso é forçoso que prescindamos de uma beleza natural, que afinal é património de todos.
Pessoalmente preferiria manter esta magnifica paisagem, mas não me repugna que se criem mais valias para um concelho, pobre como é Resende se daí advier progresso.
Pena tenho que uns quantos oportunistas, que mercê de informação privilegiada desataram a comprar terrenos e agora ganhem balurdios à custa do desconhecimento de uns tantos.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Helicóptero combatendo incêndio

Quase diria que fiquei espantado!!!
Estava eu a almoçar com a minha familia na esplanada de minha casa, quando lá para os lados de Santa Cruz do Douro, começou a aparecer uma coluna de fumo que gradualmente foi aumentando.
O meu espanto resulta do facto de que, ainda não tinham decorrido quinze minutos, já o helicóptero sobrevoava o incêndio e com grande mestria, mergulhou o balde nas águas do Douro, para em poucos minutos extinguir o incêndio.
Pelo que vi realmente o combate aos incêndios evoluiu para melhor pois em anos anteriores era ver arder.

sábado, 4 de agosto de 2007

Tormes, Santa Cruz do Douro, Baião


«Um ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas»

A Cidade e as Serras, cap.VIII

O Douro lá ao fundo











O Vale de Paus e o rio Douro.

(visto da Capela de São Cristóvão)

Aproveite amanhã Domingo suba à Serra e veja estas deslumbrantes paisagens.

Se tiver tempo vá até à Gralheira e delicie-se com um magnifico cozido no restaurante "Encosta do Moinho" e como nesta altura do ano está rebentar pelas costuras aconselho a marcar mesa pelo telf. 255 571159, http://encostadomoinho.no.sapo.pt/index.htm (não tenho comissão,embora seja um apreciador do cozido da Gralheira).

No caminho para a Gralheira veja na Talhada as últimas casas cobertas de colmo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Anorexia, um mal actual....

Anorexia
A anorexia nervosa é uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso corporal) e estresse físico. A anorexia nervosa é uma doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. Uma pessoa com anorexia nervosa é chamada de anoréxica. Uma pessoa anoréxica pode ser também bulímica. A anorexia nervosa afeta primariamente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres do Hemisfério Ocidental.

Passeio anual da Junta de Felgueiras

A Junta de Felgueiras promoveu 0 seu passeio anual , que como a foto documenta teve grande adesão dos Felgueirenses.
Foi um dia bem passado pois para além do salutar convívio ,visitei terras que ainda não conhecia.
Fica para a posteridade a foto tirada em Almeida.

Um milagre da Natureza

Beber água de São Cristóvão
é sobretudo consumir água de qualidade ,
mas é também ajudar a manter alguns postos de trabalho

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ditos que ficaram na memória dos Felgueirenses

Muitos são os ditos, que se contam de tempos idos, com alguns personagens , Felgueirenses ( já todos falecidos) que ainda tive o privilégio de conhecer e que de certa forma pretendo recordar.
Dos muitos existentes , os que aqui apresento, são fruto de um único critério foi terem-me vindo à memória.
Lanço contudo um desafio, a quem como eu gosta de Felgueiras e conhece destas preciosidades ,antigas ou mesmo recentes que as partilhe com todos ,publicando-as, ou fazendo-mas chegar.
Os personagens intervenientes serão tratados como o eram nessas épocas

SUJEITO-ME

Conta-se que em determinado dia a Sr.ª Virgínia , Catequista e pessoa muito ligada à Igreja , ao passar pelo Sr. Toninho Borges se tenha sentido na obrigação de o catequizar, o que a levou a perguntar-lhe .

Oh Toninho então tu não vais à Missa ?
Olha que assim vais para o inferno!
Resposta na ponta da língua , olha oh Virgínia Sujeito-me

O INFERNO NÃO SE FEZ PARA OS CÃES

Ao que consta a Madalena, mais conhecida por Madalena Mouca quando se metiam com ela, ripostava com alguns palavrões. Consta também que alguém zeloso da moral a terá repreendido dizendo-lhe que a dizer tanta asneira iria certamente para o inferno para o inferno.
Resposta pronta da Madalena - atão ele num foi feito pos cães



A CULPA FOI DE QUEM TE PRA AÍ MANDOU

Tudo isto se passou-se no Barreiro entre o sr. Francisco de Almeida (Francisquinho do Barreiro” e o Sr. Manuel Loureiro .
Ao que consta o Sr. Manuel tinha problemas nas pernas daí ter a alcunha do” manco de Pimeirol” e que a juntar ao facto de ser manco usava umas chancas de tamanho anormal Certo dia encontrava-se o dito manco a colmar um palheiro (colmar consistia em colocar fiadas de palha de centeio tendo como finalidade fazer uma cobertura) ao executar a tarefa , ordenando a palha debaixo para cima em carreiras ,colocava a primeira fiada facilmente , quando tentava por a segunda com as chancas arrombava tudo após repetir a tarefa algumas vezes o Sr . Francisquinho que o observava disse-lhe .

Olé desce lá daí pra baixo .
A culpa não é tua . Foi de que te para aí te mandou.

Ainda hoje se utiliza em Felgueiras com muita frequência esta expressão
Lero lero não resolve nada é dinheiro e "catrapilo"(catrapilar)

Esta foi uma das muitas frases que alguém pronunciou e que ao longo dos anos vezes sem conta é repetida, tornando-se património cultural de Felgueiras.
Segundo os mais velhos a frase foi proferida pelo Sr. Albino Duarte na residência Paroquial aquando de uma reunião da população de Felgueiras tendo como pretexto a construção da estrada do Arco para Felgueiras.
Dada a dificuldade em obter dinheiro para a sua construção, pois o poder da altura não contribuiu com um centavo.
Ao que se consta após acalorada discussão como deveria ou não ser feita, pois nessa altura o trabalho era braçal e quando o Sr .Padre Adelino Teixeira se encontrava no uso da palavra foi o mesmo interrompido pelo senhor Albino Duarte que lhe disse-

Padre Adelino "Lero ,Lero não resolve nada é dinheiro e catrapilo "

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A realidade nua e crua


Uso abusivo de sedativos em lares de idosos

28.11.2006 Encontro sobre o isolamento

Vários especialistas em geriatria e gerontologia consideraram hoje que existem lares que usam de forma abusiva sedativos em idosos e alertaram para a necessidade destes casos serem denunciados.
"Muitos idosos são encaminhados para hospitais e lares e é triste ver lares onde os idosos são sedados para não dar trabalho", disse o especialista Paulo Pereira Neves durante um encontro sobre o isolamento nas pessoas idosas promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Cruz Vermelha Portuguesa e Associação Coração Amarelo.
Paulo Pereira Neves, médico homeopata, especialista em Geriatria, acrescentou que esta é uma realidade em muitos lares portugueses, dizendo, "Fico triste com o tratamento que é dado aos idosos em muitas instituições portuguesas e também me entristece a forma como os funcionários lidam com eles".
Maria de Lourdes Quaresma, coordenadora da pós-graduação em Gerontologia Social do Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa e uma das oradoras do encontro, também admitiu a existência deste problema em Portugal e defendeu que os casos devem ser denunciados. "É uma abuso e uma violência contra as pessoas", disse a responsável.
Na opinião da especialista, o país está pouco habilitado para lidar com os problemas específicos dos idosos e muitos lares são ainda "depósitos de pessoas".
Por um lado, adiantou Maria de Lourdes Quaresma, os lares de idosos têm pessoas pouco qualificadas e, por outro, a maior parte dos médicos não tem preparação nesta área. "Falta um trabalho multidisciplinar. Deveria existir equipas com várias valências para acompanhar os idosos", disse também a especialista.
Segundo Maria de Lourdes Quaresma, é um facto que os idosos vivem uma situação de grande stress, porque são por vezes obrigados a fazer mudanças radicais na sua vida.
Em muitos casos, explicou a especialista, os idosos quando vão para as instituições têm já vários problemas de saúde e muitas vezes estas não estão preparadas para dar cuidados e atenção.
Há ainda casos de idosos que viviam isolados e que chegam às instituições com sintomas de depressão, acabando estas por tratar do sintoma em vez de procurar descobrir a causa.
O encontro de hoje decorre no âmbito do programa Mais Voluntariado, Menos Solidão desenvolvido em Lisboa desde 2003 pela Misericórdia de Lisboa, Cruz Vermelha Portuguesa e Associação Coração Amarelo.
O programa tem como principal objectivo promover a ajuda necessária para uma melhor qualidade de vida a pessoas a partir dos 65 anos de idade que se encontrem em situação de dependências ou solidão.
No âmbito do mesmo programa existe ainda uma equipa de voluntários que ajuda os idosos de Lisboa nas actividades da sua vida diária.