quarta-feira, 31 de outubro de 2007

as alminhas do Barreiro

Recordo com grande emoção hoje dia 1 de Novembro toda uma geração de homens bons .
Eram os do Barreiro .

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Será que há pinceis que descrevam?



E fechou-se na curva do horizonte

O mundo que me fora concedido

Sem guardas e sem leis em cada fonte,

Irreal, integral e desmedido.

MIGUEL TORGA in Cântico do Homem





sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Maria David

Porque hoje é dia 19 de Outubro,
logo, a Maria completa dez radiosas primaveras
e eu mal consigo
caber em mim de contente
por ter esta flor preciosa no meu jardim.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Redes de cuidados continuados

Cuidados Continuados
O aumento progressivo da esperança média de vida e o aumento de pessoas vítimas de acidentes ou com patologias de evolução prolongada, e potencialmente incapacitantes criam novas necessidades de cuidados de saúde em situação de dependência, exigindo habitualmente uma forte componente de apoio psico-social, a que se deu a designação de cuidados continuados.
Os serviços de cuidados continuados devem continuar a investir num nível intermédio de cuidados entre o nível de actuação dos Centros de Saúde e o nível de actuação Hospitalar, que deve passar por unidades adequadas de internamentos, por unidades de dia de reabilitação global e unidades móveis de prestação de cuidados domiciliários. Desta forma, será possível garantir a continuidade entre as acções preventivas, terapêuticas e correctivas de acordo com um plano individual de cuidados para cada utilizador.
Os cuidados continuados destinam-se a colmatar uma lacuna, realmente existente na sociedade portuguesa, no que se refere à escassez de respostas adequadas que satisfaçam as necessidades de cuidados de saúde decorrentes de situações de dependência, resultantes de doença de evolução prolongada, que se estima virem a aumentar nas próximas décadas. O Despacho Conjunto nº 407/98, de 18 de Julho, possibilitou o lançamento de intervenções articuladas de apoio social e de cuidados de saúde continuados, dirigidos às pessoas em situação de dependência, através da criação das respostas integradas “Apoio Domiciliário Integrado” (ADI) e “Unidade de Apoio Integrado” (UAI). Estas e outras unidades carecem de uma melhor definição do perfil dos serviços a oferecer e dos seus utilizadores.
Mais recentemente foi aprovada a Rede de Cuidados Continuados136, constituída por “todas as entidade públicas, sociais e privadas, habilitadas à prestação de cuidados de saúde destinados a promover, restaurar e manter a qualidade de vida, o bem-estar e o conforto dos cidadãos necessitados dos mesmos em consequência de doença crónica ou degenerativa, ou por qualquer outra razão física ou psicológica susceptível de causar a sua limitação funcional ou dependência de outrem, incluindo o recurso a todos os meios técnicos e humanos adequados ao alívio da dor e do sofrimento, a minorar a angústia e a dignificar o período terminal da vida”. Este recente diploma legal visa garantir um regime de complementaridade e estreita articulação entre todas as redes de cuidados de saúde nos sectores primários e Hospitalares. 136 Decreto-Lei nº 281/2003, de 8 de Novembro.
Ministério da Saúde Plano Nacional de Saúde Doc. Trabalho - 11.02.2004 92
Intervenções necessárias e objectivos estratégicos
Desenvolvimento da Rede Nacional de Cuidados Continuados
Tendo sido legislada a Rede de Cuidados Continuados, assente num “conjunto de serviços prestadores de cuidados de recuperação em interligação com a rede de cuidados primários e com os Hospitais integrados na rede de prestação de cuidados de saúde, visando prevenir situações de dependência, mediante um plano individual de intervenção complementar de recuperação global”, importa: a) desenvolver uma correcta articulação com as entidades referenciadoras (Hospitais ou Centros de Saúde da área geográfica) e com os serviços responsáveis pela continuidade dos cuidados (Unidade de Internamento, Unidade de Recuperação Global e Unidade Móvel Domiciliária)
; b ) incrementar a ligação dos serviços prestadores de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde e as IPSS.

domingo, 7 de outubro de 2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

COMO É FÁCIL SER SOLIDÁRIO




Operação Tampinhas atingiu as 53 toneladas

André vai, após seis anos de luta, ter a sua cadeira de rodas. Família juntou 10 toneladas de tampas
Solidariedade, ambiente e resíduos. Foram estas as palavras-chave que permitiram que 53 toneladas de tampas se convertessem em 113 equipamentos ortopédicos e similares. A Lipor, empresa de gestão valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos, promoveu, pela segunda vez, a Operação Tampinhas. Ontem, entregou os certificados que vão permitir aos beneficiários terem acesso aos equipamentos. Foram dez meses de recolha e o resultado foram mais de 33 mil euros. O sorriso de André Gouveia, 12 anos, era o espelho de satisfação que vai repetir-se em todos os que vão usufruir dos equipamentos. Residente em Rio Tinto, Gondomar, André sofre desde nascença de paralisia cerebral e há seis anos que os pais lutavam por uma cadeira de rodas eléctrica. "É uma felicidade muito grande. Vai, finalmente, poder brincar no pátio com as irmãs e no recreio com os colegas". Ana Gouveia, mãe do menino, explicou ao JN que conseguiram 10 toneladas de tampas, três delas recolhidas em diversas instituições de Lamego, de onde são naturais. " Fomos nós que trouxemos as tampas para a Lipor. Havia alturas em que enchíamos a mala do carro e tínhamos a noção que iam ser poucas", diz, explicando que as tampas valem pelo peso. André Gouveia foi um dos sete contemplados, mas na sua maioria os beneficiários foram associações de solidariedade social. No total, foram 17 vindas da área de intervenção da Lipor (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde) e 10 de outros concelhos. O pólo de Gaia da Cruz Vermelha é outro exemplo. Vai agora adquirir uma cama manual, um colchão tripartido, uma cadeira de banho giratória e quatro pares de canadianas. "Começou como uma brincadeira e quando nos apercebemos já tínhamos o hall de entrada cheio", afirmou Carina Pinto, assistente social na Cruz Vermelha. "Esperemos que na próxima fase consigamos atingir 100 ou 150 mil", prometeu Macedo Vieira administrador da Lipor, adiantando, em declarações ao JN, que estão receptivos a alargar a iniciativa a outros resíduos.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Lagariça , Mosteiro de Cárquere

Torre da Lagariça, freguesia de S. Cipriano, 30 de Setembro de 1953-
Ainda bem que vim a este desterro tirara prova real às minhas conclusões de ontem.
Aqui o cenário natural corresponde inteiramente ao literário de A Ilustre Casa de Ramires.
Desde o titulo da obra, tirado do nome da pequena povoação que fica em frente, à famigerada torre, sólida e carrancuda, a Craquede que é o arruinado mosteiro de Cárquere a dois passos, a Oliveira, caiada e tangível lá em baixo, quanto no livro é susceptível de identificação pode ser identificado. E no entanto…Chega a parecer Feitiçaria: temos tudo e falta o essencial. Ou melhor: os lugares e as coisa estão animados de uma vida que a auscultação física não confirma . Uma presença oculta por detrás da realidade fá-la pulsar ,sem que ela na verdade se mova. E essa força secreta não é outra senão o génio do romancista. É Eça a cometer façanhas encarnado em Tructesindo e a contá-las na pele de Gonçalo. Por isso ,para que o romance se encontre ,é preciso sabê-lo primeiro ,trazê-lo à memória ,colar cada página a cada pormenor da paisagem , que só então fica palpitante e habitada.

Miguel Torga
in DIÁRIO VII

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Há 54 anos MIGUEL TORGA escrevia

Data de 1 de Outubro de 1953, este texto escrito por Miguel Torga, que diz:
No fundo, foi bom eu ter abandonado a casa paterna quase ao nascer. Fiquei sempre a ver as palhas do milho como penas de aconchego. Não houve tempo para a mínima erosão. Envolvidas numa redoma de saudade que nunca foi quebrada, as impressões infantis guardam toda a pureza de um amanhecer sem ocaso. Intemporal e mítica, a paisagem geográfica é nos meus sentidos uma perpétua miragem; quanto à outra, a humana, tais virtudes lhe descubro, que parece que só junto dela sou gente. Às raras horas de céptica objectividade são guinadas passageiras. È na exaltação e na confiança que o corpo respiram aqui. Em cada visita que faço a este chão amado lembra mais uma peregrinação de sonâmbulo do que um contacto acordado. É como se viesse ao cimo de uma serra cumprir uma promessa e andasse de joelhos à volta da ermida a cercá-la de intangibilidade, sem olhos para reparar nas imperfeições do orago.

Miguel Torga in DIÁRIO VII