sexta-feira, 23 de julho de 2010
as pessoas sempre primeiro
Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade.
Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos.
Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.
Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.
E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente."
Transcrição do artigo do Psiquiatra, Pedro Afonso, publicado no Público em 2010-06-21
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Pesca Embarcada
quarta-feira, 31 de março de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
domingo, 7 de março de 2010
Futebol novamente ,mas pela negativa
Jamais, alguma palavra ou acto meu ,tinha dado azo a qualquer chamada à atenção a qualquer repreensão e muito menos a ser posto no “olho da rua”.
Não fazia portanto a menor ideia do que era ser expulso dum jogo de Futebol.
Hoje aconteceu. Nem no mais infinito recôndito da minha imaginação ,via a minha virgindade neste capítulo, ser perdida assim tão sem glória.
Quanta revolta e tristeza me vai na alma.
Aprendi de tenra idade a dirigir-me a pessoas que não conheço por senhor. Durante estes anos, como Enfermeiro e como Dirigente sempre me habituei a ouvir no futebol a terminologia senhor arbitro, senhor Jogador, senhor delegado, ou seja senhor vem sempre antes do interveniente no fenómeno Futebol.
Também li nos regulamentos que nenhum jogador pode dirigir-se ao público, muito menos com expressões menos apropriadas.
Aconteceu que o atleta nº77 do Ferreira de Aves, mandou os ocupantes do banco do Resende e adeptos para o c….
E é que ninguém gosta de ser mandado para esse sítio.
E como os jogadores e delegados ao jogo também não gostam, protestaram junto de um personagem a quem futebolisticamente se chama de juiz auxiliar, que tinha uma diminuição da acuidade auditiva e uma hiper visão. Não ouviu e tem todo o direito a não ouvir, (cada um só ouve o que quer ouvir) mas com a insistência dos protestos acordou e mesmo não ouvindo, chamou o árbitro que a pedido da figurinha brindou o Bininho com cartão amarelo. Insurgi-me contra o facto, pois já lá vão uns anos em que Mário Soares disse que tínhamos direito à indignação e vai daí ousei dizer “ senhor árbitro, o outro provocou e o meu atleta é que leva cartão” respondeu-me o dito cujo de imediato de indicador em riste “Você cala-se já ou vai para a rua”, e eu com este maldito feitio que não gosto de comer e calar retorqui tão só “ Você não, o Senhor”, afinal o regulamento dá-me essa importância de ser tratado educadamente por “SENHOR” mas o dito cujo não leu o mesmo regulamento e zás “ Rua você está expulso”. E como nestas coisas manda quem tem o apito e como eu não tenho apito lá tive que trocar um lugar sentado no banco por um lugar de pé na bancada.
Contado ninguém acredita e porá em causa a sanidade mental de quem tal evento relatar, mas isto, para que conste foi o que aconteceu. A verdade nua e crua, nem mais uma palavra que um qualquer miúdo mesmo usando fato e gravata poderá por em causa. Se necessário poder-se-a recorrer ao polígrafo para aferir esta evidência se disso houver dúvida. Poderia até a agradecer-lhe o favor que prestava à causa, mas limitei-me a abandonar o terreno de jogo porque é assim que deve ser mesmo que a estupefacção seja muita.
O sentimento causado, foi de revolta, por alguém, mal formado ter manchado a minha reputação em termos Desportivos.
Agora o senhor, menino ou o você, escreverá o que bem lhe aprouver no relatório, dirá certamente que foi muito ofendido e mesmo existindo testemunhas das ocorrências ocorridas não haverá interesse em averiguar os factos. É assim que deve ser . Quem não quiser estas regras tem toda a liberdade para ir embora.
E ainda foi dito que não era por acaso que o trio tinha sido escolhido.
Estas coisas fazem-me pensar seriamente se quero, se devo se posso continuar a fazer parte disto.
Talvez não.
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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Grande FCP
Embora seja uma das minhas paixões tenho-me abstido de trazer a este espaço o Futebol.
Declarando já o meu conflito de interesse Portista, tal não me cega ao ponto de só ver azul.
Mas para qualquer adepto estes castigos ultrapassaram os limites do razoável.
Uma constatação que qualquer dirigente de um qualquer clube chega com os castigos aplicado aos atletas do Porto é que de futuro vale mais investir em stewards do que na contratação de jogadores de qualidade.
Fica provada a eficiência/eficácia dos Stewards do Benfica.Provavelmente os melhores activos do SLB.
É evidente que o caminho não pode ser este, mas numa altura em que os cabedais escasseiam não é despiciente de todo apostar nesta nova modalidade.
Pobre País Futebolístico este ,que tem tão insignes juízes,que discordando da lei a aplicam . Pobre Pilatos por mais que explique ficará para sempre com as mãos sujas.
Se o estado da arte se mantiver isto pode ser o princípio do fim.
E como dizia o nosso capitão João Pinto “haja o que hajar ainda seremos campeões”
Eu acredito.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Adeus tio Acácio
O adeus sentido,
que pode ser um gemido,
é a voz do coração,
que tem o timbre da dor,
em que se torna o amor,
na separação.
Mas a dor desvanece
e o amor aparece
de saudade impregnado,
o que faz reconhecer
que ter saudade é viver
com amor vivificado.
A despedida,
logo esquecida,
quem a pode ter?
Só a pedra dura,
que no adeus figura,
sem sofrer!
Acácio de Almeida in Um Canto do Montemuro