domingo, 23 de março de 2008

Caso Carolina Michaelis

Tinha jurado a mim mesma que não falava disto, mas a carne é fraca...
1 ângulo (espero que recto) do "caso do Carolina Michaelis"
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A peça que a SIC mostrou ontem dia 20, até à exaustão, sobre o "caso Carolina Michaelis" era uma boa m… confundia tudo…inclusivé incluía “testemunhos” de um caso passado em 2007 sem que a linha divisória dos dois acontecimentos fosse clara…Aliás, o modo voraz e superficial como a comunicação social em geral tratou este caso só se compreende no actual estado da comunicação social nacional e, provavelmente, pela sugestão do período em que estamos…Acresce que, os especialistas chamados a pronunciar-se sobre a matéria, na maioria dos casos são sempre os mesmos e fazem quase a mesma figura que todos os que, nunca tendo estudado uma linha sobre o assunto, falam dele com o atrevimento da ignorância: Vem a senhora amorosa que se pronuncia sempre que há assuntos com infantes e juvenis (saberá de tudo?) e claro, enuncia princípios gerais generosos, mas nada específicos para o problema em causa; vem outra senhora, mais jovem, que deve ter sido detectada no google numa busca da última tese de mestrado ou do último projecto de doutoramento aprovado em ciências da educação, debitar duas ou três citações académicas completamente cruas, que tenta legitimar com nomes (conceitos, vá lá) importados dos “Isteites” (como se estes problemas fossem os mesmos de lá…bullying e tal…continuem com isso e perpetuem esta maneira (só) estrangeirada de tratar das nossas questões da educação, que tanto mal tem causado); vêm todos os que, à sua maneira, seguem a teoria da Manuela Ferreira Leite, quando procurou publicamente justificar as suas qualificações para Ministra da Educação: já foram estudantes logo conhecem a escola e têm filhos na escola (ou filhos de amigos e familiares) logo são especialistas... e falam do assunto com tanta segurança que parece que nunca reflectiram sobre outra coisa na vida… E andamos nisto…O episódio que vimos tem atrás uma história que nos escapa, mas ... que só pode ser de tensões não resolvidas ...este episódio não "caíu" do céu...Em Portugal há palavras para nomear o que o episódio revela (entre outras coisas): falta gritante de educação da aluna (a aluna é isso mesmo...malcriada), falta de competência da professora para gerir a disciplina na sala de aula, má organização da escola que, possivelmente, não defeniu regulamentos claros de convivência pedagógica (nomeadamente quanto à utilização de telemóveis)... e as respectivas consequências do incumprimento.Perpassa o discurso uma confusão conceptual (tão grande) acerca da natureza da relação pedagógica, das suas características estruturantes e dos vários níveis que a condicionam que… mas isso levar-nos-ia, agora, muito longe…Como é que um “sistema” que permite estas vergonhas não precisa, urgentemente, como de pão para a boca, de ser reformado?Ah! e não arrastem este caso para a gaveta da violência na escola. Este caso é um caso de indisciplina grave, com atitudes muito violentas, mas é da gaveta da (in)disciplina... outra distinção que dá pano para mangas...Pergunta inocente: Oh sr. Nogueira, este assunto não mereceria um comentário seu muito específico, digno de quem domina as questões da educação e da escola? É que, quem "ajunta" 100mil tão convencido, fica com muito mais responsabilidades... ai fica fica ...acho eu, aqui deste meu canto...





http://okayempatins.blogspot.com/

Miguel Torga


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(Dezoito asas rumorosas...)
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O primeiro bando de perdizes roncou, e tirou-lhe duas.

No meio do silêncio contido, que a cada momento ameaçava romper-se, o cão parado, a espingarda em meia pontaria, os pés fincados no chão mas tensos como molas, uma gota misteriosa caiu no copo e fê-lo transbordar.

Dezoito asas rumorosas ergueram-se do carqueijal, o Nilo saltou, os tiros partiram, e resultou daquela explosão de força o aniquilamento inevitável de dois seres.

Tudo certo e perfeito.

O catastrófico, o absurdo, fora a continuação da inércia.

A verdadeira morte seria a vida parada, cada respiração a encolher-se, cautelosa.

Assim é que o caçador se sentiria criminoso, o perdigueiro fera, as perdizes vítimas.



- MIGUEL TORGA, Vindima, XIV, princípio.

Fotografia : Corvo,Abril de 2006




(Rua-das-Pretas)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dia Mundial da Poesia


Aconteceu na Primavera

Era uma rosa
era uma flor
a acontecer dentro de mim
era uma asa
era um jardim
era o amor era o amor
a acontecer
dentro de mim.

Era a alegria a juventude
de uma alma nova
de um corpo aceso
um novo dia
um céu ileso
era uma trova
um alaúde
era a poesia
era a saúde.

Era a aventura
era a descoberta
de uma ternura
que se incendeia
era uma cama
a porta aberta
a mesa farta
a casa cheia.
Era uma chama
era uma ideia.

Era o amor
amor perfeito
cama da vida
onde me deito
era o momento
de conjugar
o verbo ser
o verbo amar
era nascer
dar e cantar!



José Carlos Ary dos Santos –As palavras das cantigas ,edições Avante p. 91 e 92

quinta-feira, 6 de março de 2008

Cerejeiras em Flor














Começam ,timidamente a surgir as primeiras flores nos cerejeirais de Resende.
Em poucos dias a flor da cerejeira dominará toda esta deslumbrante e irrepetível paisagem de Resende ,de mansinho ,como de alva camada de neve se tratasse.



Imagem - Fotografias. Quinta das Bravas. 6.03.08