sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Eça continua actual, decorrido mais de um século.

Esta crónica, foi extraida da obra de Eça de Queiroz “ Uma Campanha Alegre” de "AS FARPAS",que remonta a Junho de 1871.
Lendo-a,pensativamente,deparei-me com este trecho ,o qual me dá a sensação, que estou a fazer uma leitura muito actual.
Questiono-me ?Será a história que se repete?

Provávelmente não ,serão meras coincidências.
"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja esclarecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo esta na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima para baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce… O comércio definha. A indústria enfraquece, o salário diminui. A renda diminui. O estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo."


Eça de Queiroz, in Uma Campanha Alegre de as "FARPAS"


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