quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Casas de Parto à espera para nascer

As casas de parto, um meio-termo entre o domicílio e o hospital, são uma opção para quem deseja um parto natural e, como em Portugal não existe nenhuma, já há parteiras espanholas interessadas em abrir a primeira, escreve a Lusa.
Fundador da Associação Portuguesa de Enfermeiros Obstetras (APEO), Vítor Varela, que esteve em Novembro em Berlim - «onde existem cerca de oito casas de parto, todas ao pé de maternidades» - lamenta que a realidade nacional seja «tão diferente».
«Em Portugal não existem casas de parto e a lei diz que o nascimento deve ocorrer em ambiente hospitalar», declarou, revelando que, todavia, «várias parteiras espanholas e algumas holandesas» já o sondaram sobre o assunto, tendo as espanholas perguntado mesmo «qual a viabilidade de montar uma no país».
Actualmente a trabalhar no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, Vítor Varela afirmou que, em Portugal, «a formação dos enfermeiros obstetras não é devidamente aproveitada».
«Aqui vivemos o modelo médico, em que não é reconhecida a qualificação e a responsabilidade dos enfermeiros obstetras, ou parteiros, apesar de estes serem abrangidos por uma directiva comunitária».
«Se uma mulher quiser ter um filho em casa, pode escolher uma parteira ou parteiro da sua confiança, mas este não tem protecção legal caso algo corra mal, pelo que muitos recusam fazê-lo independentemente de terem competência para isso», afirmou o ex-dirigente da APEO.
«Em Portugal, deixou de haver o verdadeiro cuidado pré-natal, aquele que mantém a futura mãe informada», criticou o enfermeiro, exemplificando que, «enquanto em Berlim as grávidas são analisadas caso a caso, no nosso país ainda há centros de saúde sem enfermeiras especializadas em saúde materna".
«A política de saúde tem de incluir estas pessoas, até porque a sua formação custa caro ao Estado português e depois não é aproveitada», sublinhou, concluindo que, neste caso, «perde a pessoa que se formou, perde a grávida, que podia desfrutar de outro acompanhamento, e perde o país».

2008/01/31 12:35Helena de Sousa Freitas da Agência Lusa
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