segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Centenário do Nascimento de Miguel Torga

Miguel Torga é o nome literário do médico Adolfo Rocha nascido em S. Martinho de Anta, distrito de Vila Real, a 12 de Agosto do ano de 1907.
Proveniente de uma família humilde, teve uma infância dura, que lhe deu a conhecer a realidade do campo, sem bucolismos, feita de árduo e contínuo trabalho.
Após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil, onde durante cinco anos trabalhou na fazenda de um tio em Minas Gerais. Regressou a Portugal em 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941.
Miguel Torga, tinha uma personalidade literária marcada pela individualidade veemente e intransigente, o que o manteve afastado durante toda a vida, das escolas literárias e mesmo do contacto com os círculos culturais do meio português.
Não se inibe de fazer duras criticas desde que as sinta como verdadeiras. Para Torga o título d’Os Lusíadas representa a expressão da nossa tacanhez e os versos, considerava ele, eram mais ilegíveis do que os da Divina Comédia.

DIES IRAE
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fastama levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
Miguel Torga " Cântico do H0mem"


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